sexta-feira, 14 de maio de 2010

Mãe X mulher

Porque será que se confundem os papéis de mãe e mulher? Dizem: As mulheres são mães, trabalhadoras, esposas... tem muitos papéis.
Levanto a idéia de que mãe e mulher são posições diferentes. Freud, equiparou mãe e mulher. Com sua teoria, a menina se transforma em mulher quando abandona o desejo de ter um pênis em função do desejo de ter um filho. Ela toma o pai como seu objeto de maor e sua mãe se tornaria sua rival. O autor postula que neste momento a menina se tornaria mulher.
Coloco que a equação simbólica pênis-bebê, de fato, não torna a menina mulher. Ao contrário, a mulher se fixa em um ciclo fálico no qual o pênis equivale ao bebê e portanto, a mãe equivale á mulher.
A mulher, via de regra, sempre foi definida pela maternidade. Podemos pensar que a maternidade trás uma resposta para a questão da incerteza da identidade feminina.
O feminino, me parece, estar em outro lugar. Não se refere á lógica do ter ou não ter o falo, o bebê. É uma outra lógica que nos fornece a idéia do tornar-se. Um constante tornar-se que se desvia totalmente da anatomia.

domingo, 9 de maio de 2010

O absurdo do luto.

A partir da fala de uma pessoa que se encontra com a possibilidade de morte do pai, refleti sobre o absurdo do luto. Dentre várias palavras e um discurso, a pessoa disse: "Não há nada de bom em um luto".
Será que não? Essa pessoa se colocava como aquela que tudo organizava para uma família. Desde conflitos entre os familiares até bens materiais que lhe faltavam. Então, lhe disse que pode existir algo de bom neste luto.
Apreender que não sabemos da morte, da nossa, da do outro, pode ser interessante para contextualizar que a morte nos trás o mais radical do limite do ser humano. O não saber.
O absurdo do luto, pode ser colocado como a transmissão ética de que a falta existe. Não só existe, como também não tem como ser tamponada. Não há o que tape este buraco que a perda do outro nos causa.
O problema é que este buraco para alguns torna-se a pessoa toda. O buraco, é em algum lugar de si e não por inteiro.
E a vida, fica mais leve quando realmente sabemos que não sabemos.

sexta-feira, 7 de maio de 2010

Ainda sobre o diagnóstico estrutural...

Ainda sobre o diagnóstico estrutural, o que tenho para colocar é que:
1) Manejei a transferência de acordo com uma suposição de que o analisante estaria enquadrado em uma estrutura histérica. Foi uma catástrofe. Apontei a questão do desejo. Então, o sujeito começou a atuar e ficou 2 meses sem comparecer fisicamente à análise. Após alguns meses, percebi que o que se tratava não era simplesmente o desejo insatisfeito. Era o sujeito e sua alienação diria que total ao desejo do outro. A separação de um outro materno não estava nem estabelecida, nem vislumbrada.
2) Poderíamos pensar em uma psicose, mas o meu trabalho não foi nesta direção. Provoquei-o a falar do outro engolidor, abusivo. O sujeito foi se separando aos poucos de seu discurso e olhando seu lugar no mundo.
3) A conclusão que cheguei foi a seguinte: Enquanto me preocupei com o diagnóstico, perdi preciosidades do singular deste sujeito. De fato, não me dirigia na referência do analisante e sim a um modelo ortopédico e médico na posição de um saber que não diz, que não sabe.