terça-feira, 12 de julho de 2011

Louise Bourgeois

Arte e psicanálise! Não é só na teoria que estes saberes se encontram. Basta olhar a exposição tão bem preparada do curador e arquivista que conviveu com Bourgeois. Nesta, a articulação entre conceitos psicanálíticos e o que a arte se presta estão explícitos. Temas como pulsão de morte, alienação, estádio do espelho, acting out, trauma, castração, desamparo estão presentificados e condensados em suas obras.
A difícil separação da mãe em seu desenho que enfoca o cordão umbilical e a dor e o ressentimento de uma mãe que parece não ter lhe dado o suficiente. Como sempre, afinal, as mães, faltam.
A destruição do pai. Que pai é esse? O que precisou destruir deste homem? Alguém tem alguma informação sobre suas relações com pai e mãe?
E sobre o trauma? De que se trata?
A exposição, mais levanta questões. Causa. Causa angústia, perturbação, questionamento, reflexões.
Angústia pelo seu aprisionamento em relação á sua constituição psíquica.
Perturbação da ordem real. Seus trabalhos suscitam nossas pulsões de morte.
Questionamento sobre qual seriam seus nós. O que lhe aconteceu?
Reflexões acerca da função da arte. Ela escreve que a arte é uma forma de sanidade. Sim. Também.
Cabe aos analistas, desenvolverem como se dá a articulação entre esses dois mundos. O imaginário exposto e pedindo tradução e o olhar diferenciado que uma análise pode nos dar.
Louise sabe mais que qualquer analista sobre esse enodamento.
A quem podemos nos dirigir já que a artista /analista não está?
Morreu.
A impressão é que ela matou o pai, foi engolida pela mãe. Realizou a fantasia de ser devorada por uma mãe aranha. Desejou esta mulher.
Simplisticamente, matou o pai e ficou com a mãe.
Presa em sua história, sua dor.
Retratou-a com detalhes, muito trabalho psíquico, e primorosidade.

terça-feira, 5 de julho de 2011

Aonde está Wally?

Atualmente, por onde andamos, ciscamos, farejamos, festejamos, entristecemos, adoecemos, aonde está o sujeito? Para ter uma boa qualidade de vida, devemos nos alimentar adequadamente. Tem uma matéria na revista Joyce Pascowitch de março de 2011 que trata da ditadura da qualidade de vida.
Uma endocrinologista, aborda questões sobre a singularidade. Uma endocrinologista! Como?
Ela coloca que devemos conhecer nosso corpo e não se perder nos modismos. Uma pessoa com problemas de tireóide, que apresenta baixo colestererol, deveria comer gordura. Ou seja, a teoria de que a gordura é uma grnade vilã não se encaixa para aquele corpo que apresenta o particular de baixo colesterol.
Protetor solar em excesso faz mal pois tira a vitamina D. Quem tem problemas de tireóride pode apresentar carência desta vitamina e enfraquecer os ossos.
No mês de junho/ 2011 no programa da cultura do mesa redonda esta o grande Alfred Halpern. Ele, absoluto, sabia de tudo e afirmava que obesidade é doença e que todos os obesos devem tomar remédio.
Um jornalista injuriado perguntou: Porque medicar todos? e o absoluto respondeu: "São todos doentes, têem que tomar remédio para o resto da vida". Aqui, não cabe discutir questões científicas médicas, mas sim, abrir um espaço para questionar.
Pois bem, a minha pergunta é: Aonde está o sujeito no discurso médico? O sujeito, aquele que é singular. Impressionante como a medicina, de certa maneira, infantiliza o sujeito fazendo com que ele não se responsabilize pelo seu corpo, suas escolhas, seus desejos.
O que fazer diante da homogeinização, da pasteurização, da alienação?
Resistir. Apresentar um discurso de resistência e de responsabilidade. Cavar um buraco aonde o discurso capitalista tapa.
Pensar na indústria farmacêutica que faz do médico, um mero objeto. Que por sinal, faz do paciente, outro mero objeto. Irresponsável. Neste ponto, há uma transmissão: "Crio o remédio (indústria), você cria a doença (médico) e o paciente, não tem nada com isso. Goza alienadamente.
Aos paciente, lembrem-se: Aumento de gozo, perda de desejo.

segunda-feira, 4 de julho de 2011

Serge André, Lacan e Freud acerca do feminino.

Serge André- um mestre do feminino, coloca que Lacan elevou a histeria a nível de estrutura de discurso. A bissexualidade da histérica significa um bi-gozo A bissexualidade não é uma divisão entre dois sexos e sim entre dois gozos, um todo fálico e outro o seu mais além.

Devido á ignorância da vagina, que Freud formulou, Lacan parece tirar a idéia da falta de um significante do sexo feminino. Lacan, segundo André nos faz compreender Freud: a vagina é ignorada enquanto sexo feminino, mas enquanto falo escondido, ela é conhecida até demais.

Libido:

Não há libido feminina, logo, Freud coloca esta questão do ponto de vista de uma divisão. A divisão de Freud é a seguinte: a libido é a mesma que anima homem e mulher, mas do ponto de vista de satisfação (ativo ou passivo) e do objeto (libido do objeto e libido do eu), a libido se cinde.

André coloca que Lacan retoma a questão da libido feminina, mas puxa-a para o lado do gozo. Haverá um gozo próprio da mulher? Destacando a questão da satisfação ativa e passiva, Lacan aponta a divisão entre dois tipos de gozo: um interditado pelo significante e ligado ao ser e outro permitido pelo significante e ligado à significação fálica.

Assim, Lacan desloca a questão da feminilidade do campo do sexo para o campo do gozo. A bissexualidade se torna um bi gozo e o problema se torna saber se há um gozo a mais além do masculino. Esse bi-gozo divide a libido e consequentemente o sujeito em duas partes: uma toda fálica e outra não-toda.

Quando Lacan diz que a mulher não existe, ele quer dizer que a feminilidade não é uma questão do ser, da existência e sim de um tornar-se. Se para Freud o furo do sexo feminino é totalmente recoberto, para Lacan, não. O falo não recobre a falta. Ele indica um além. Logo, não é um obstáculo á feminilidade, mas ao contrário, a condição de toda a feminilidade possível.