terça-feira, 24 de agosto de 2010

Dançar

Ao obsevarmos aquele que dança, o que vemos? Um corpo que executa movimentos dentro de um determinado espaço, com determinada marcação de tempo. Se dança uma história, com movimentos leves, intensos, acrobacias, giros, isso é poesia.
Chamo a atenção para o fenômeno simplesmente de dançar.
Reflito que o corpo, condição principal de nos propiciar gozo, vida, se coloca em um espaço. No espaço, tem-se limite. Justamente por estarmos em um espaço, temos a condição de nos movimentarmos em nossos eixou ou ocupá-lo até a parede, o fim da sala, o término da praia, o tamanho do palco, da pista de dança...
Parece que na psicose, a parede até pode existir, mas o saber de que o corpo não é a parede, talvez não.
Estamos na área do conhecimento paranóico não é?
Seria somente na loucura essa indiferenciação entre o eu e o outro? o corpo e a parede?
A psicose seria uma "passagem" para a aquisição de uma perversão e depois uma neurose?
Respondo que a questão estrutural para mim, não faz avançar o atendimento que posso oferecer. Pelo contrário, ecoa algo do gênero: televisão, computador, máquinas dessubjetivadas.
Podemos dançar o clássico, repetindo movimentos até a perfeição, dançar o contemporâneo mecanicamente obstinados com a estrutura crânio sacral, ou, quem sabe, dançar dança do ventre executando sequências de movimentos sem intenção.
Porém, o corpo que dança, goza. Se goza, tem superego.

O erro do pai

O inventor da psicanálise eticamente, se questionou sobre o que não deu certo no caso Dora. A resposta que encontrou foi um erro sobre o objeto de desejo da analisante.
Isto é um fato. Diante deste, coloco que Freud de certa maneira atendeu a demanda do Sr K., seu conhecido e pessoa na qual ele nutria simpatia. Se interessou demais por imaginárias interpretações acerca do significado deste homem para Dora.
Afinal, o que Dora dizia? Em seus sonhos, sintomas, o que dizia?
Não seria o que se pode saber sobre a feminilidade? O que tem uma mulher para ser olhada e desejada por um homem?
O enrosco é que a outra, não sabe. Não tem a chave do mistério do feminino.
E aí? Como fica Dora? Como poderia ser tratada após o momento de constatação de que o outro, a outra não sabe?
Como se dá a articulação entre a histeria e o feminino?