quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

E por falar em amor...

A dança me deu amor.
Me deu tudo o que precisava, necessitava e desejava na adolescência.
Me deu estrutura, preenchimento fálico...
Funcionou como uma medida fálica.

"AMAR É DAR O QUE NÃO SE TEM"
(J. Lacan sem XX).

Pela lógica da citação, amar é dar a falta. O que não temos, é o que nos falta.
Se afirmo que a dança me deu amor, ela me curou e me propiciou desejar. Só desejamos quando algo nos falta.
O que quer dizer a dança me deu amor? Ela funcionou como a Outra, uma alteridade. A função paterna do desejo da mãe.
Porque a dança?
Não sei.

O gozo da insatisfação

Um paciente com anos de análise, que apresentava como sofrimento principal o fato de se sentir insatisfeito, no início de uma sessão disse: "Eu me encontro na insatisfação". Que quer dizer isso? Poderia ser uma constatação do quanto se sente insatisfeito. Porém, há um jogo nas palavras e em sua análise: O sujeito se reconhece, se encontra no lugar da insatisfação. É neste lugar que ele se fundamenta.
Topológica problemática!
Porém, se pensarmos na fórmula da fantasia S barrado punção de a, o lugar da insatisfação é o do objeto. E como é difícil abrir mão do gozo deste lugar.
O paciente não quer perder nada, se coloca como um resto. Desta forma, não há nada a perder. A lógica é a seguinte: "Se sou tão ruim, vazio, insatisfeito, mal amado, desgraçado, fico confortável com meu sintoma já que abrir mão dele seria viver. Viver e poder saber aonde não caminho, saber dos meus limites e desejos. Aonde não vivo, não desejo. Aonde sou o pior de todos, nada me falta".
Acontece, que o tempo cronológico passa, a vida passa e há uma perda sim. É preciso tratar a insatisfação para que ainda tenha tempo de desejar, de amar.
A transferência com o analista, pode funcionar como uma cura. A cura pelo amor.
O AMOR, CURA.