segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Do que o Outro me fez sofrer?

Partindo do desamparo, que efeitos ou sintomas cada um apresenta? O desamparo é traumático. Não temos como fugir dele, mas a idéia é que partindo do trauma,(ou seja, partindo da constatacão de que não há complementariedade, de que não temos como recuperar o objeto perdido), formamos sintomas até que possamos nos perguntar: O que podemos fazer com isso? Esta pergunta se refere à lógica da fantasia. Os sintomas podem mudar ou continuar os mesmos, mas, poder se responsabilizar pela questão do que fazer com o trauma, envolve trabalho psíquico, mudancas.
Em uma análise, construímos esta questão e muitas vezes a resposta.
Fantasiamos para velar o trauma, para nos confortar do mal estar, para encobrir a falta. Falta a ser.
Ao término,(de uma análise), podemos deixar cair nosso objeto. Então, saberemos que não temos como recuperar aquele gozo do momento inicial e mítico de satisfacão. Isso é o impossível.
Não há o que dê conta do sujeito.
O que há é a relacão deste sujeito com sua falta, com seu impossível e com suas saídas. Umas mais criativas, outras mais radicais, outras, outras, outras...

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Desamparo

Nascemos desamparados, dependentes de um outro que nos garante a sobrevivência e ou nos cuida. Sentimos um desconforto e se tivermos alguém que tenha algo para nos dar, este outro vai tentar significar nosso choro e mal estar.
Pronto! Aplacada a nossa agonia. Acontece que esta primeira vivência de satisfação é fundamental e muitas vezes determinante do nosso lugar na existência. A partir desta primeira experiência, buscamos ao longo da vida este gozo primordial, este objeto que nos aplacou as necessidades.
Acontece que este objeto está perdido para sempre. O infans vai crescendo e chora. Mas, seu responsável entende que (se for um choro de sono, de fome ou de qualquer significação que ele dê) o infans talvez possa esperar um pouquinho.
Pronto! Buscaremos então na vida aquela vivência de satisfação inicial mas nunca a encontraremos.
Os conflitos podem começar daí.
A questão que se impõe é a seguinte: Como cada um lida com este desamparo do nascimento, da existência, da realidade de cada um?
Quais as consequências desta vivência?
Que efeitos sofremos de saber o que somos para o outro a partir de seu desejo?

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

A que será que se destina?

Não sei a que ou a quem se destina este blog, mas primeiro de tudo a idéia partiu de uma conversa com minha querida supervisora Carla. Não entrarei em detalhes, mas preciso dizer que minha caminhada na clínica e também em minha análise se associa com o olhar, a escuta, e a ética da novamente querida Carla.
Obrigada.

De minha parte, não sei aonde os ventos me levarão, mas, procuro construir minha caminhada pelas minhas possibilidades de escolhas. Estas, apontam para onde se dirige meu desejo. Desejo no sentido de falta.

Desejo de saber.

Revelações do feminino

Do ponto de vista lacaniano, a maternidade se encontra do lado masculino. O filho pode vir ao mundo na função de tamponar a falta da mãe. Falta de falo. Com um bebê, ela tem um falo. Assim, encontra-se em uma posição que poderíamos chamar de masculina, do ter. Nesta posição, existe um gozo fálico, um gozo da fala. A mãe deposita suas fantasias na criança. Esta, por sua vez responde ao lugar que sua mãe lhe colocou com sim, sendo este falo que obtura a falta da mãe ou com não evidenciando uma relação "difícil" com esta mulher.
O sujeito se divide entre mãe e mulher, entre o gozo fálico e o Outro gozo. Outro gozo e não gozo não fálico. A lógica da psicanálise do séc XXI não está nas comparações entre o que um sexo tem e o outro não. Me parece que a questão fica entre a lógica do sujeito feminino e lógica do sujeito masculino. São completamente diferentes, portanto, não temos como comparar.
Analisar uma mulher nos coloca a dimensão do impossível, do que não pode ser traduzido, daquilo que escapa a linguagem.
Isto é relevante na medida em que sabemos que nem tudo pode ser dito. O feminino nos revela este saber.

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

inveja

A inveja nem sempre é o que parece. Achamos ruim este sentimento tanto por parte dos que sentem quanto por parte dos que são invejados. Os que sentem de certa maneira reconhecem uma falta. Se pensarmos que a falta nos move, nos mostra o que gostaríamos que não temos, a inveja poderia ser pensada como um meio de nos remetermos ao que realmente desejamos.

Do ponto de vista dos que são invejados, estes são os que na fantasia possuem o que outros não tem.

Dá para ter tudo?

Dá para saber o que quer ter?

Uma análise pode ajudar o sujeito a saber o que

fantasia e o impossível na psicanálise

Neste momento, pesquiso a construção da associação da lógica da fantasia e o impossível na psicanálise. A reconstrução deste segundo tempo da fantasia parece que comporta algo de impossível que se vincula com a posição feminina, com seu gozo a mais. Algo além das palavras, um limite do que pode ser analisável.
Afinal, de que se trata a questão freudiana sobre a impossibilidade de governar, educar a analisar?
Como articular a lógica do fantasma nesta linha de raciocínio?