quarta-feira, 28 de abril de 2010

Identidade feminina?

Será que já se perguntaram: sou homem ou sou mulher? Dois termos que definem através da linguagem uma "espécie" de identidade. Acontece que no discurso feminino algo escapa.
A mulher, apreende a feminilidade por uma máscara num constante tornar-se.
Essa máscara ou véu,revela um vazio. O que teria uma mulher para encobrir? Um corpo? Uma jóia? Uma fantasia? Um nada?
Sim, me parece que este nada que se refere a uma falta.A mulher se mascara para encobrir sua falta.
Suas jóias, maquiagens, lenços, roupas denotam a existência de uma falta de identidade feminina, de um não ao universal. A mulher quer ser única, particularizada, amada em seus maus humores, seus pijamas, suas rugas. Quer ser amada pelo seu singular.
Coloco que ela denuncia uma outra lógica. Uma lógica presa a linguagem mas além dela. Além de palavras e sentidos. A mulher trás o inominável, a dimensão socratiniana dos limites e verdades do inconsciente.
Sendo ela, não-toda submetida à lei, o sujeito feminino é um sujeito que se encontra dividido entre uma forma de estar no mundo ligada á linguagem, as regras e outra maneira que diz respeito ao que está fora do discurso. Algo escapa. Não há palavras que dêem conta de seu gozo.
Um sujeito que comporta uma lógica que não se refere ao ter ou não ter, tampouco ao ser ou não ser. Simplesmente outra.

quarta-feira, 7 de abril de 2010

Diagnóstico estrutural e a astrologia

Se você é do signo da histeria, você precisa do outro para dividir sua dor. O seu outro será impotente, não dará conta de suas angústias. Você tem uma relação com o desejo que diz respeito a mantê-lo insatisfeito, ou seja, não realizá-lo.
Caso tenha sido marcado por uma neurose obssesiva, você vive na dúvida, realiza vários rituais, é interessadíssimo em limpeza e ordem, se sente inválido muitas vezes, lê sobre tudo e mais um pouco, de vez em quando sofre ataques de pânico, enfim, quer controlar tudo e sofre sozinho.
Caso viva sob a égide da perversão, adora ver o outro angustiado. Se nasceu sob o signo da psicose, você é frágil, delirante e pouco afetivo.
Bem, não sobram muitas opções para a escuta de um psicanalista em sua clínica.
Problematizo a questão do uso do diagnóstico diferencial por parte dos analistas. Muitas vezes, se não tomarmos cuidado, deixamos de ouvir o paciente, assim como os médicos fazem em nome de uma epistemologia positivista.
Cada caso, é um caso. O sujeito que procura a análise está em sofrimento e com certeza é ele quem pode dizer e se quiser, saber de si. Muitas vezes, olhá-lo como histérico ou seja que patologia for, fecha as possibilidades de uma escuta clínica mais profunda e efetiva.