sábado, 2 de abril de 2011

Geração 2.0

Uma mulher, uma escritora inglesa. Ela escreveu um artigo riquíssimo na revista Piauí de fevereiro de 2011, para marcar sua posição e problematizar a questão internética. A autora, diz e nomeia sua matéria: "Quero ficar na geração 1.0".
Dentre as brilhantes construções, críticas e questões que coloca, destaco uma. Ela escreve: "...quando uma adolescente é assassinada, pelo menos na Inglaterra, seu mural do facebook muitas vezes se cobre de mensagens que parecem não se ter dado conta da gravidade do que ocorreu. "
A menina assassinada, presupõe-se que está morta certo? Pois bem, no mural da página de seu facebook existiam frases do tipo: "Que peeeeena querida! Ai que saudade! Agora vc tá com os anjinhos do céu! Lembrei que adorava muuuuito as suas piadas rsrsrs! PAZ! Bjs".
Pasmem!!!!!!!!!!
A autora, ficou assustada com alguns fatos. Ela se pergunta como é possível o mural da menina ainda estar no ar já que faleceu e também se as jovens amigas ainda acreditam que a menina está viva.
Porém, responde: "E que diferença faz se, no fim das contas, todo o contato com ela sempre foi virtual?".
 O que significa essa forma de contato? É uma forma,mas, seria esta, uma relação?
Sem moralismos com questões da máquina, o mundo virtual está para além dos computadores.Porém, ali, em um "lugar" invisível, nega-se a tragicidade e a violência de uma situação absurda. No virtual, ignora-se perversamente o limite último do homem. A morte.
Lá, não há luto que possa significar e resignificar a perda. Aliás, algo que não apareçe no mundo virtual é a falta.
Mas, há algo de bom em encontrar antigas amizades e se sentir incluído no que supostamente se denomina social. O problema é que a menina morre e é como se não tivesse morrido. Isso a exclui. A ilusão está em supor que se está incluso.
O sujeito virtual, está excluído de si mesmo.
Ele se aliena ao outro e isso aparece na forclusão da morte de um amigo. Ele é o outro, ele é todos os outros. Aos cacos, ao corpo fragmentado que o sujeito se dá para se cindido, ele se aliena.
No virtual, não há possibilidade de separação. Não há perda.
Há palavras que buscam a complementariedade para dar conta do nosso vazio estrutural....