quinta-feira, 28 de abril de 2011

O analista autoriza seu não saber?

Pela via do não todo que ele se autoriza de si mesmo.


Por isso, é para nem todos que a função se presentifica.

Nem todos suportam o limite do inconsciente. Os que suportam, podem em determinados momentos não suportar.

E como é difícil!

O analista se autoriza a si mesmo

Que quer dizer isso?
Sabemos que não há garantias.
Sabemos que não há títulos que garantem uma boa escuta e direção do tratamento.
Sabemos que nem todos são, foram ou pretendem ser analisados.
Sabemos que nem todos fazem a necessária supervisão.
Sabemos que nem todos são não todos.

Então?
Que lugar é esse que se sustenta ou não na clínica?

Em que o sujeito, semblant de objeto se autoriza?

sexta-feira, 8 de abril de 2011

O que dizer do massacre no Rio de Janeiro?

Justamente por não ter palavras, escrevo. Não há comentário possível de elaboração para tal fato.

O episódio nos coloca em situação de desamparo. Somos objeto do gozo do outro.

Lamentável, triste, desesperador, violento, louco, totalmente imprevisto, mais e mais e mais.

Aonde estamos? Que mundo é esse?
Neste mundo, o louco não tem lugar.
É preciso olhar justamente aquela criança que não "dá trabalho". O Brasil é um país atrasado em termos de investimento nos profissionais da psicologia. As escolas não contam com psicólogos.
Eles, os psi, não evitam nada. Porém, identificam que o sujeito precisa de tratamento.

É o que posso falar.
De resto, luto geral.

terça-feira, 5 de abril de 2011

Palavra de Bolsonaro- "Todos nós somos iguais perante a lei".

Nem todos homem, nem todos. O pai da horda primitiva, aquele que gozava de todas as mulheres e fundava o clã de filhos castrados, esse não. Perante a lei, ele era uma exceção. O único que escapava á castração. O bom é que a lei só existe em função do corte de gozo.
Como este sujeito se posiciona perante à lei? Como lida com a castração? Como entende o desejo? Como se relaciona com a diferença?
A resposta é simples. Em sua lógica, devemos fundar uma raça ariana. Assim como Hitler, torturava, matava, oprimia os judeus, Bolsonaro segue o exemplo dizendo implicitamente que devemos torturar negros, gays e na linha de seu raciocínio qualquer um que pense diferente. Ainda estamos na época da ditadura. O povo ainda elege esse pai que goza.
A problemática que se impõe é que ele expressa claramente o que muitos pensam mas se calam pois não é socialmente aceito. Qual a responsabilidade que o eleitor tem de fazer essa escolha? O que leva a um sujeito do século XXI a votar neste homem que remete  a Furer? Tem algo de atemporal nisso não acham? Algo que está para além do tempo histórico em que vivemos.
Coloco-o como um homem mitológico. Neste sentido, atemporal. Ele não sabe que período está. É o pai da horda primitiva do Totem e Tabu. Ele está acima de todos e todas. Ele é a lei. Neste sentido, muitos se colocam como sendo a lei. Julgando os outros, vivendo fechadinhos em seus pontos de vista, procurando os iguais.
Porque nos custa tanto conviver com o diferente?
A resposta, talvez aponte para a castração. O sujeito contemporâneo tem uma grande dificuldade de lidar com a lei. Todos querem ser o únicos que escapam `a ela, à tão temível CASTRAÇÃO.
Dói escolher, perder. Dá trabalho conviver com o diferente.
Porém, a vida de enriquece. Quando se tem um limite, tem-se um alívio. Não podemos ir até aqui, mas podemos ir para outro lado.
Bolsonaro é um alienado de Hitler. Um alienado do pai da horda. Não sabe dos limites justamente por ser engolido. Um ser com semblant de psicótico que escapa á castração. Ele parece não saber dela.
Mas, será que não sabe mesmo?
Seria um perverso que dissimula. Sabe, mas finge que não sabe?
Para além das elocubrações psicanalíticas, quais os efeitos de sua fala no programa CQC? Como o telespectador escutou? O que o outro lado tem a dizer?
Como avançar neste nó que a fala de um homem causou? O que fazer com isso?

sábado, 2 de abril de 2011

Geração 2.0

Uma mulher, uma escritora inglesa. Ela escreveu um artigo riquíssimo na revista Piauí de fevereiro de 2011, para marcar sua posição e problematizar a questão internética. A autora, diz e nomeia sua matéria: "Quero ficar na geração 1.0".
Dentre as brilhantes construções, críticas e questões que coloca, destaco uma. Ela escreve: "...quando uma adolescente é assassinada, pelo menos na Inglaterra, seu mural do facebook muitas vezes se cobre de mensagens que parecem não se ter dado conta da gravidade do que ocorreu. "
A menina assassinada, presupõe-se que está morta certo? Pois bem, no mural da página de seu facebook existiam frases do tipo: "Que peeeeena querida! Ai que saudade! Agora vc tá com os anjinhos do céu! Lembrei que adorava muuuuito as suas piadas rsrsrs! PAZ! Bjs".
Pasmem!!!!!!!!!!
A autora, ficou assustada com alguns fatos. Ela se pergunta como é possível o mural da menina ainda estar no ar já que faleceu e também se as jovens amigas ainda acreditam que a menina está viva.
Porém, responde: "E que diferença faz se, no fim das contas, todo o contato com ela sempre foi virtual?".
 O que significa essa forma de contato? É uma forma,mas, seria esta, uma relação?
Sem moralismos com questões da máquina, o mundo virtual está para além dos computadores.Porém, ali, em um "lugar" invisível, nega-se a tragicidade e a violência de uma situação absurda. No virtual, ignora-se perversamente o limite último do homem. A morte.
Lá, não há luto que possa significar e resignificar a perda. Aliás, algo que não apareçe no mundo virtual é a falta.
Mas, há algo de bom em encontrar antigas amizades e se sentir incluído no que supostamente se denomina social. O problema é que a menina morre e é como se não tivesse morrido. Isso a exclui. A ilusão está em supor que se está incluso.
O sujeito virtual, está excluído de si mesmo.
Ele se aliena ao outro e isso aparece na forclusão da morte de um amigo. Ele é o outro, ele é todos os outros. Aos cacos, ao corpo fragmentado que o sujeito se dá para se cindido, ele se aliena.
No virtual, não há possibilidade de separação. Não há perda.
Há palavras que buscam a complementariedade para dar conta do nosso vazio estrutural....