segunda-feira, 1 de março de 2010

Choro do bebê

Acreditem ou não, cientistas japoneses desenvolvem "tradutor" de choro de bebês. Choro relativo a dor, fome, sono. Esse "tradutor" não é a mamãe, não é o papai, não é a babá nem a vovó. É uma máquina. Um computador superpotente capaz de significar o choro do seu filho sem que você precise olhá-lo, decifrá-lo, enfim, estabelecer uma relação com ele. Aquele bebê que é sempre estranho pois é um ser novo no convívio familiar,vai ser traduzido por um computador.
Preocupante no mínimo não acham? Como vai ficar sua entrada no mundo simbólico? Será que os pais tem a idéia de que saberão tudo sobre o filho?
Caso afirmativo, é um tremendo engano. Caso negativo, menos mal.
Interessante pensar esse sujeitinho que acabou de vir ao mundo como um desconhecido que vai formando seu psiquismo na relação com outro. Outro ser, outro sujeito. Mas com uma máquina?
Quais seríam as consequências caso pessoas optem por utilizar o aparelho?
E Lacan dizia que as máquinas não falham. Não falhar, é o pior. O mal entendido, a falta, estão aí para nos fazer desejar, se fazer entender. Aí nasce a linguagem e a entrada no mundo simbólico.
Como afrouxa a amarração do sujeito neste mundo simbólico na psicose.
Bem, novas relações neste século XXI. A relação dos pais com o computador...

Dança- psicose- social

A dança, pensada como uma expressão artística pode ser um elo com o social na loucura. Os loucos não tem lugar em São Paulo. Os CAPS tentam, os psicólogos, também. Os médicos, medicam. Os analistam debatem.
Mas, a loucura pensada como uma rede, não tem lugar.
Ou melhor, o lugar destinado na maioria das vezes, é o da exclusão. Enquanto sujeitos paulistas, temos inúmeras dificuldades para acolher simples diferenças, quanto menos, psicóticos, paranóicos, delirantes, esquizofrênicos, autistas, bipolares, e o que mais tiver de patologias.
Em função deste não lugar, reflito e coloco que a dança, além de suas propriedades de prótese de constituição psíquica, ela pode fazer uma ponte entre aquele que porta a loucura e o social. Pintores famosos, escritores, dançarinos fizeram essa ponte sem "intenção".
Aposto na idéia da dança, do corpo que pode dançar, como uma possibilidade de inclusão na sociedade.
Ali, aonde não há voz, que se manifeste um corpo que possa falar,que possa publicar o não dito. E além disso, que possa posteriormente, se responsabilizar pela publicação.