quinta-feira, 6 de outubro de 2011

A psicanálise, uma questão de fé?

"A fé move montanhas"...
O que é essa tal de fé? Fazer uma análise é acreditar em algo? É uma questão de fé a psicanálise?
 Do que trata ela, a psicanálise? Do que trata a fé?
Da crença? Da verdade absoluta? Da cegueira? Do ópio do povo?
De que se trata quando acreditamos em algo?
Acreditamos, de fato, que a fé move montanhas? O que nos move? É a fé?

O que nos move, é uma questão de análise. Do um a um.
A fé move? Movimenta? Ou aprisiona? Fecha?

A pergunta que posto é: seria a psicanálise uma questão de fé? Ou se acredita ou não? Caso afirmativo, fé em quê?
O inconsciente não existe!!!!!!!!!
Caso seja uma questão de fé, poderíamos pensar na fé na transferência. Acreditamos que o outro tenha um saber, ainda que suposto. Não é uma fé sega.
Porém, o outro não sabe e?????

O outro deveria sim, saber o que lhe causa, lhe move.

Nesta época em que vivemos, não há um Outro que nos diz o que é certo ou errado, um Outro senhor da lei, do tesouro dos nossos significantes. A quem nos dirigimos? O sujeito que procura uma análise se dirige a quem?
 Fazer uma análise tem algo da ordem de uma crença. Não uma fé. Uma crença de que o analista tem algum saber que pode ser transmitido. De fato, ele tem. Porém, tem algo que não pode ser transmitido. Que será?

É um ritual o setting analítico, porém, a análise não ocorre somente no consultório.
Não há um mestre/ padre/ rabino/ pai de santo/ xamã/ pastor/psicólogo/psiquiatra/terapeuta holístico/ astrólogo, que guie o sujeito em sua dor, que lhe diga o que tem e como resolver o problema. Que lhe venda a ilusão de plenitude.
O que há é um analista que pode presentificar a falta, o vazio. Fazer semblant. Ele presentifica o não saber. Ele pode testemunhar e secretariar a loucura nossa de cada dia. 

Mas, por saber que não passa de um semblant, ele pode transmitir justamente que não há uma verdade absoluta. Afinal, ela só pode ser semidita. A fé, pede números inteiros, pede completude. Na psicanálise, não temos o inteiro. Temos o incompleto.

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