segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Medicação para todos; análise para alguns

Freud dizia que o analista deve recuar diante da psicose. Ele não via possibilidade de um psicótico ser atendido por um analista. O universo excludente que foi se criando em torno da psicanálise, propiciou o lugar de exclusão. Excluídos da análise, aqueles que não podem bancá-la (tanto financeiramente quanto psíquicamente).
Lacan construiu o conceito de sintoma, envolvendo Marx na questão da proletariedade. Inovou! Somos proletários de saber inconsciente. Justo aí que a noção de sintoma aparece. Não sabemos dos nossos sintomas.
A parte questões analíticas, a indústria farmacêutica progride. Cria novas e mais novas medicações. Não só para psicóticos. Medicações para qualquer um que estiver um pouquinho preocupado com qualquer questão. O CID também acompanhou esta evolução da indústria farmacêutica. Criou transtornos e mais transtornos fazendo com que qualquer mortal se identificasse com um ou mais transtornos.
E? O que fazemos? Pergunto a todo e qualquer ser humano. Somos engolidos pela organização que produz doenças e remédios? Perdão! Eles são muito bons. tiram nossas questões, nos amortecem e nos deixam ver a vida mais bonita. Porém, quando paro a medicação, na maioria das vezes, por conta própria, o mundo desaba.
Desaba? Não. O mundo volta a ser o que era. O bicho papão ainda existe e está lá.
Outra forma de dizer, a sujeira está embaixo do tapete. A dor está lá. Será que não temos recursos para enfrentar nosso fantasma? Queremos mesmo viver alienados ao discurso da ciência? O todo poderoso?

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